quinta-feira, 29 de abril de 2010

Este é um daqueles poemas...

Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.

Eugénio de Andrade

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Birras

A minha S. está a dar comigo em doida com as birras de sono à noite. Não se aguenta! Está a cair de sono, os olhos semicerrados, esfrega a cara toda, agarra-se ao boneco-querido e GRITA-CHORA, GRITA-CHORA, GRITA-CHORA como se a estivessem a matar! Eu vou lá dou-lhe uma festinha, ponho a chucha, acalmo-a e fica tudo bem... durante 5 MINUTOS E DEPOIS VOLTA TUDO AO MESMO! Estas crises costumam durar entre trinta minutos a uma hora. Depois adormece e eu penso que está tudo bem e de repente lá ouço novamente aquele GRITO-CHORO, que fura qualquer tímpano, vou lá e ela (quase) nem abre os olhos e volta a dormir, é como se estivesse a ter um pesadelo!
É assim, a cada dia que passa começam a acontecer mais "coisas", sobretudo "coisas" para pôr os cabelos da mamã em pé! E elas ainda só têm oito meses! Aiiiiiiiiiii o que é que me espera!?!?!?!?

Talvez

Talvez esteja a ficar imune.
Talvez a possibilidade de concretização de um sonho nos mostre que afinal esse sonho já deixou de o ser.
Talvez me esteja a negar a mim mesma.
Talvez tudo esteja arrumado.
Talvez a racionalidade supere a impulsividade.
Talvez exista só e apenas o querer-querer pelo hábito de querer algo que afinal já não se quer mais.

?

Ficamos assim.
Joana Cato

terça-feira, 27 de abril de 2010

Outra das feijocas

Agora, a minha S põe-se de gatas na cama e gosta de adormecer assim (de barriga para baixo) e depois lá vou eu deitá-la como deve de ser. Estas miúdas estão a dar cabo de mim!

Jô Soares, define o que é ser "Professor"

O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!
É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado.
Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Tem automóvel, chora de "barriga cheia".
Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.
Não falta ao colégio, é um "Adesivo".
Precisa faltar, é um "turista".
Conversa com os outros professores, está "malhando" nos alunos.
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama a atenção, é um grosso.
Não chama a atenção, não se sabe impor.
A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as hipóteses do aluno.
Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala correctamente, ninguém entende.
Fala a "língua" do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é debochado.
O aluno é retido, é perseguição.
O aluno é aprovado, deitou "água-benta"
.


É! O professor está sempre errado, mas, se conseguiu ler até aqui, agradeça a ele.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Mais uma das feijocas

Ora, hoje, fui dar com a I. a chuchar no dedo do pé!!! A miúda
é maluca de todo!!!


domingo, 25 de abril de 2010

sábado, 24 de abril de 2010

Lindo!!!

Eu sei que está em espanhol, mas está soberbo!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Não resisto (mais um daqueles emails)

Um tipo vai a andar pela rua quando, de repente, um assaltante mascarado lhe aponta a arma e diz:
- Passa para cá o relógio!
O coitado dá-lhe o seu Rolex falso e o ladrão reclama:
- O que é isto? Esta m***a não vale nada! Passa a carteira...
O homem dá-lhe a carteira de plástico, imitação de Pierre Cardin e o assaltante encontra nela 3 passes de autocarro, 2 senhas de refeição e cinco euros. ... lixado, o ladrão diz:
- Tu és uma m*** mesmo ... o teu casaco está gasto, os teus sapatos rotos e a única coisa que parece que presta é uma reles imitação barata! Afinal, que m***a fazes na vida?
O tipo responde, quase a chorar:
- Sou professor!
E o ladrão, tirando a máscara, abraça-se a ele e diz:
- Desculpa lá, colega! És mesmo? E ficaste colocado? Em que escola?

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Passear o cãozinho


Adoro ver as pessoas que vão passear o seu cãozinho! É, sem dúvida nenhuma, uma lição de cidadania.
Acabei de observar um cão a fazer o seu cocó no passeio, e o que é que a dona fez? Continuou o seu caminho para casa! Quem vem atrás que feche a porta! Ela quer lá saber que a rua fique com minas e armadilhas espalhadas por todo o lado, o que é que isso lhe interessa? Nada, absolutamente nada.
Será que custa muito levar uma luva e um saquinho para colocar os dejectos dos animais?
É preciso ter lata!

Lindo, não?

terça-feira, 20 de abril de 2010

A mostrar a unhaca

O tempo das feijocas "sogaditas" já era! Agora estas malandras nunca querem dormir durante o dia e depois à noite ainda fazem uma "pequena" birra de sonho!
Estas feijocas estão a mostrar a unhaca, ai estão, estão!

Este sábado vou dizer estes dois sonetos de Florbela Espanca (sempre apropriados)


Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...


És tu! És tu! Sempre vieste, enfim!
Oiço de novo o riso dos teus passos!
És tu que eu vejo a estender-me os braços
Que Deus criou p´ra me abraçar a mim!

Tudo é divino e santo visto assim...
Foram-se os desalentos, os cansaços...
O mundo não é mundo: é um jardim!
Um céu aberto: longes, os espaços!

Prende-me toda, Amor, prende-me bem!
Que vês tu em redor? Não há ninguém!
A terra? - Um astro morto que flutua...

Tudo o que é chama a arder, tudo o que sente,
Tudo o que é vida e vibra eternamente
É tu seres meu, Amor, e eu ser tua!

Florbela Espanca

Estou além

O grande António Variações

É assim...

Às vezes a ansiedade, o mistério, o como será mata-nos mais do que realidade tal como ela é.
Às vezes as coisas acabam por ser simples e naturais (ou fazemos com que sejam simples e naturais) e aquilo que pensávamos ser uma montanha, afinal é apenas um trajecto que se fez e que poucas probabilidades tem de ser novamente feito.
Às vezes o querer (ou o querer querer) fica adiado pela força de se adiar e ao mesmo tempo sente-se uma paz de um amanhã-futuro que pode até nunca chegar, mas a certeza de um desejo mútuo impossível de se concretizar para já (ou para sempre) existe, sempre existiu e existirá. É esta certeza que nos apazigua - saber que nada foi em vão e que o que existiu, existiu a dois.
Joana Cato

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Diferenças educacionais: 1976 - 2010 - recebido por email

Situação:

O fim das férias.

Ano 1976:
Depois de passar 15 dias com a família atrelada numa caravana puxada por um Fiat 600 pela costa de Portugal, terminam as férias. No dia seguinte vai-se trabalhar.

Ano 2010:
Depois de voltar com a família de Cancún de uma viagem com tudo pago, terminam as férias. As pessoas sofrem de distúrbios de sono, depressão, seborreia e caganeira.



Situação:
Chega o dia de mudança de horário de Verão para Inverno.

Ano 1976:
Não se passa nada.

Ano 2010:
As pessoas sofrem de distúrbios de sono, depressão e caganeira.



Situação:
O Pedro está a pensar ir até ao monte depois das aulas, assim que entra no colégio mostra uma navalha ao João, com a qual espera poder fazer uma fisga.

Ano 1976:
O director da escola vê, pergunta-lhe onde se vendem, mostra-lhe a sua, que é mais antiga, mas que também é boa.

Ano 2010:
A escola é encerrada, chamam a Polícia Judiciária e levam o Pedro para um reformatório. A SIC e a TVI apresentam os telejornais desde a porta da escola.



Situação:
O Carlos e o Quim trocam uns socos no fim das aulas.

Ano 1976:
Os companheiros animam a luta, o Carlos ganha. Dão as mãos e acabam por ir juntos jogar matrecos.

Ano 2010:
A escola é encerrada. A SIC proclama o mês anti-violência escolar, O Jornal de Notícias faz uma capa inteira dedicada ao tema, e a TVI insiste em colocar a Moura Guedes à porta da escola a apresentar o telejornal, mesmo debaixo de chuva.



Situação:
O Jaime não pára quieto nas aulas, interrompe e incomoda os colegas.

Ano 1976:
Mandam o Jaime ir falar com o Director, e este dá-lhe uma bronca de todo o tamanho. O Jaime volta à aula, senta-se em silêncio e não interrompe mais.

Ano 2010:
Administram ao Jaime umas valentes doses de Ritalina. O Jaime parece um Zombie. A escola recebe um apoio financeiro por terem um aluno incapacitado.



Situação:
O Luis parte o vidro dum carro do bairro dele. O pai caça um cinto e espeta-lhe umas chicotadas com este.

Ano 1976:
O Luis tem mais cuidado da próxima vez. Cresce normalmente, vai à universidade e converte-se num homem de negócios bem sucedido.

Ano 2010:
Prendem o pai do Luís por maus tratos a menores. Sem a figura paterna, o Luís junta-se a um gang de rua. Os psicólogos convencem a sua irmã que o pai abusava dela e metem-no na cadeia para sempre. A mãe do Luís começa a namorar com o psicólogo. O programa da Fátima Lopes mantém durante meses o caso em estudo, bem como o Você na TV do Manuel Luís Goucha.



Situação:
O Zézinho cai enquanto praticava atletismo, arranha um joelho. A sua professora Maria encontra-o sentado na berma da pista a chorar. Maria abraça-o para o consolar.

Ano 1976:
Passado pouco tempo, o Zézinho sente-se melhor e continua a correr.

Ano 2010:
A Maria é acusada de perversão de menores e vai para o desemprego. Confronta-se com 3 anos de prisão. O Zézinho passa 5 anos em terapia. Os seus pais processam a escola por negligência e a Maria por trauma emocional, ganhando ambos os processos. Maria, no desemprego e cheia de dívidas suicida-se atirando-se de um prédio. Ao aterrar, cai em cima de um carro, mas antes ainda parte com o corpo uma varanda. O dono do carro e do apartamento processam os familiares da Maria por destruição de propriedade. Ganham. A SIC e a TVI produzem um filme baseado neste caso.



Situação:
Um menino branco e um menino negro andam à batatada por um ter chamado 'chocolate' ao outro.

Ano 1976:
Depois de uns socos esquivos, levantam-se e cada um para sua casa. No dia seguinte voltam a ser colegas.

Ano 2010:
A TVI envia os seus melhores correspondentes. A SIC prepara uma grande reportagem dessas com investigadores que passaram dias no colégio a averiguar factos. Emitem-se programas documentários sobre jovens problemáticos e ódio racial. A juventude Skinhead finge indignar-se com isto. O governo oferece um apartamento à família do miúdo negro.

Situação:
Fazias uma asneira na sala de aula.

Ano 1976:
O professor espetava duas valentes lostras bem merecidas. Ao chegar a casa o teu pai dava-te mais duas porque 'alguma deves ter feito'

Ano 2010:
Fazes uma asneira. O professor pede-te desculpa. O teu pai pede-te desculpa e compra-te uma Playstation 3.

sábado, 17 de abril de 2010

Conjuntivite

Ora, depois da constipação, a minha I agora está com uma conjuntivite neste olhinho lindo!
Que grande gaita!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Sem esperar

... o telefone tocou e todas as imagens me povoaram.


Afinal sou a que observa e a observada.


Estamos aqui, agora e sempre.


Há coisas assim.

Joana Cato

Mais uma sobre Educação

*Os pais têm de recuperar a autoridade perdida e deixarem de querer agradar aos filhos, ou o mundo estará perdido, afirma um dos mais famosos pediatras do mundo. Fomos saber porquê.*

Catarina Fonseca/ACTIVA | 10 Fev. 2010

Confesso que ia um bocado amedrontada. Afinal, ia entrevistar um dos homens responsáveis por um dos maiores escândalos educativos das últimas décadas, o homem que defendera a urgência do regresso ao poder dos pais contra os todo-poderosos filhos.

Acusado de tudo, de fascista para baixo, o pediatra líbio-francês Aldo Naouri diz que os pais se demitiram do seu papel de educadores e em vez disso se dedicam a satisfazer a criança, com o único desejo de se fazerem amar. Diz que confundimos frustração com privação. Diz que transmitimos à criança que não só pode ter tudo como tem direito a tudo, içando-a ao topo do edifício familiar, onde ela nunca esteve e onde nunca deveria estar. Diz que um filho hoje não é criado para se tornar ele próprio, mas para
gratificar e servir o narcisismo dos pais. Diz que estamos perante uma epidemia que encoraja os pais a seduzirem as crianças, tornando-as assim em seres obsessivos, inseguros, amorfos e emocionalmente ineptos, que não sabem gerir as suas pulsões e são incapazes de encontrar o seu lugar no mundo.

Em resumo, esperava alguém mais parecido com o Deus do Velho Testamento, que me recebesse com raios e coriscos, ou pelo menos uma praga de gafanhotos. Em vez disso, recebeu-me com um sorriso só equivalente ao sol de Lisboa, agarrou-me na mão, perguntou-me por que é que não tinha filhos e assegurou-me que os homens são todos uns egoístas. "Portanto, madame, é só escolher um! são todos iguais!"

Por entre gargalhadas, falou-se de coisas muito sérias, como aquilo que
andamos a fazer às crianças. Ora leiam.

*- Então, nada de democracia para as crianças?*

- Não. E fundamental que estejam numa relação vertical: os pais em cima, as crianças em baixo. Porque há uma diferença entre educar e criar.
*Criar é dar-lhe os cuidados básicos, dar-lhe banho, alimenta-lo, etc. E como criar galinhas. Educar é haver qualquer coisa que não existe e que é preciso formar.* *Por isso a criança não está nunca ao mesmo nível dos pais, não pode haver uma relação horizontal. Se quiser compreender o que se passa na
cabeça de uma criança numa relação horizontal, imagine o seguinte: você está num avião, e o comandante vem sentar-se ao seu lado. Você pergunta, Mas quem é que está a guiar o avião? E ele diz, 'Ah, é um passageiro da primeira fila que eu pus no meu lugar. ‘ A criança tem necessidade de alguém acima dela.*

*- As mães não se escandalizam com a mudança de hábitos que lhes aconselha?*

- Nada disso. As mães estão petrificadas na sua angústia e precisam de se libertar. Eu digo, 'mas não vale a pena angustiarem-se dessa maneira, ser mãe é muito mais simples do que vocês pensam'. Digo-lhes que não vale a pena viverem preocupadas porque a criança não come, não dorme, ou vai ter ciúmes do irmão. Dou-lhes conselhos básicos e fáceis de seguir e tento fazer com que simplifiquem ao máximo as suas vidas. O que eu quero é que a criança seja para os pais uma fonte de prazer e felicidade, e não um foco de sofrimento e angústia, e para que isso aconteça, os pais têm de estar descontraídos.

*- As nossas avós não viviam nessa angústia...*

- Pois não. Mas viviam num mundo em que havia três tipos de ordem: Deus, Rei e pai. Esse tipo de ordem fazia com que existisse qualquer coisa que as transcendia. Hoje todo o tipo de transcendência desapareceu, e quem ficou no lugar de Deus? - A criança!
Às mães que põem o filho nesse altar, simplifico-lhes a tarefa dizendo - *Não se cansem dessa maneira. Não se preocupem assim. Ponham-se a vocês próprias em primeiro lugar*. Claro que não é uma coisa que elas estejam habituadas a fazer, ou sequer a ouvir, mas não é por isso que não podemos dizer-lhes, e não é por isso que elas vão deixar de ser capazes de o fazer. Acredito que vão ser capazes, porque é urgente: a bem das crianças, e a bem delas próprias. É preciso fazer as coisas de maneira tranquila, porque a mãe perfeita não existe, o pai perfeito não existe, a criança perfeita não existe.

*- Mas as mães hoje têm uma vida tão difícil, é normal que se culpabilizem...*

- Não é por trabalharem fora de casa que têm de se sentir culpadas.

Peço às mães: lembrem-se do vosso primeiro amor. Quando não o viam durante três dias, morriam de saudades. Mas quando o voltavam a ver, assim que o olhavam era como se nunca se tivessem separado. Com as crianças, é exactamente igual. Quando tornam a encontrar a mãe, é como se ela nunca tivesse partido.

*- Diz que os pais esqueceram o seu papel de educadores porque querem ser amados pelas crianças. Por que é que isto acontece?*

- Como todas as crianças, tiveram conflitos com os pais. E como todas as crianças, amam-nos mas guardaram muitos ressentimentos. E não querem que os seus filhos tenham esse tipo de ressentimento em relação a eles. E pensam que a melhor maneira de o fazer é seduzir a criança para que ela o ame. O que é um enorme erro. Porque nesse momento, a relação vertical inverte-se. A hierarquia fica de pernas para o ar, e quando isso acontece, destruímos as crianças.

*- O problema é que as pessoas confundem autoridade com violência. Autoridade é fazer-se obedecer, não é dar uma palmada, o que o senhor, aliás, desaprova.*

- Completamente! Não aprovo palmadas de que qualquer espécie, nem na mão nem no rabo. Ter autoridade não é agredir a criança. Ter autoridade é dizer: 'Quero isto', e esperar ser obedecido. Quero que faças isto porque eu disse, e pronto. Autoridade é só isto, é assumir o seu dever. Não vale a pena ser violento, aliás porque as crianças sentem e respeitam a autoridade. É quando o pai ou a mãe não estão seguros do seu poder que a criança tenta ir mais longe. Quando há uma decisão que é assumida pelos pais, ela cumpre-a.

*- Uma terapeuta de casal dizia que as pessoas hoje não têm falta de erotismo, dirigem-no é todo para as crianças...*

- Sem dúvida. E é isso que é urgente mudar. O slogan 'a criança acima de tudo' deve ser substituído por 'o casal acima de tudo'. A saúde física e psíquica das crianças fabrica-se na cama dos pais. Por que isso não
acontece é que há tantos divórcios, e depois a vida torna-se muito mais complicada para a mãe, o pai e a criança. Se eles decidirem privilegiar a relação de casal, estão a proteger a criança.

*- Educou os seus filhos da forma que defende?*

- Sim sim, eu eduquei os meus três filhos tranquilamente. A autoridade significa serenidade, não-violência. Ainda hoje, que eles já são mais do que adultos, reunimo-nos às vezes para jantar. E no outro dia, falámos sobre as viagens de carro que costumávamos fazer - sempre viajei muito com eles. Quando se portavam mal, eu virava-me para trás e dizia: - Olhem que eu paro o carro e deixo-vos a todos aqui na auto-estrada! - Só há pouco tempo é que percebi que eles achavam que eu estava a falar a sério e que seria capaz de os abandonar na estrada! (ri). Tal é a força da autoridade. Mas isso não tem importância, o importante é que funcionava! (ri)

*- Diz que o pai tem de ser egoísta mas também diz que uma das tragédias do mundo moderno é a ausência do pai... Qual é então o papel do pai, para além de ser egoísta?*

- Tem duas funções: a primeira é a de possibilitar à mãe o exercício da sua feminilidade. A segunda é a de se oferecer ao filho ou filha como um escudo contra a invasão da mãe. Porque de outra maneira, a mãe vai tecer à volta do seu filho um útero virtual, extensível até ao infinito. O pai não está presente como a mãe, mas é preciso que esteja presente.

*- Mas hoje exige-se aos pais que façam uma data de coisas, que mudem fraldas, que ponham a arrotar, que ensinem karaté...*

- Não é preciso. Porque na cabeça das crianças tudo está muito claro: aquela que o filho ama acima de tudo é a mãe, que sempre respondeu às suas necessidades desde que estava na sua barriga. Se alguém lhe diz 'não', mesmo que seja a mãe, para ele a culpa é do pai. Ou quando muito, da não-mãe. No inconsciente de uma criança, o pai não existe. Só há a mãe. O pai tem de se construir, a bem das crianças e a bem da mãe delas.

*- Antes de ler este livro não tinha consciência de que as crianças estavam tão perturbadas.*

- Li um artigo recentemente do director do centro médico-pedagógico de Paris, que afirmava que em 2008 tinha recebido 394 novas famílias, e que a maior parte tinham problemas psicológicos. No fim da primária, 40% dos alunos ainda não dominam a língua, e isto é grave. E não porque tenham problemas físicos ou sejam burros: é porque não os sabemos educar. Mas é uma tarefa difícil, porque mesmo as instâncias governativas vão no sentido de seduzir a criança. Porque as crianças vendem, são um produto que se compra e se compara. Todo o mundo vai no sentido de deixar a criança fazer o que quer, porque é mais fácil que ela não cresça. Mas o que vai acontecer é que essas crianças, se não travadas, vão crescer e fabricar sociedades absolutamente abomináveis, onde será cada um por si, onde não haverá solidariedade.

*- Nem cientistas... E o senhor quem o diz...*

- (ri). Apesar de tudo, estou optimista. As pessoas querem saber como podem mudar. Não sou o único a dizer estas coisas, mas digo-as de forma bruta. Tenho 40 anos de experiência com pais e crianças. E é muito fácil mudar, quando começamos a ver a lógica das coisas. Além disso, o que eu pretendo é simplificar a vida das pessoas. Não quero voltar àquilo que se fazia há um século. Não quero pais castradores.

*- O que é um pai castrador?*

- Não é um pai autoritário, é um pai fraco, intranquilo, desconfortável na sua pele e na sua posição. O que eu digo é, a sua posição como pai ou mãe está assegurada à partida. Só tem de exercê-lá. Uma vez, apareceu-me uma mãe muito alarmada porque a filha não dormia. Aconselhei-a a dizer à criança, antes de dormir: 'Podes dormir tranquila. Não preciso mais de ti hoje.' E a criança dormiu a noite toda. Por isso eu digo no fim das consultas, a todas as crianças, tenham elas 1, 7 ou 14 anos, 'Muito obrigado por me teres trazido os teus pais à consulta. Agora podes ficar descansado, eu ocupo-me deles.'

*O QUE DEVEMOS FAZER...*

Palavra de ordem: não compliquem.

Segundo Aldo Naouri, o esterilizador de biberões não faz sentido, nem
desinfectar o mamilo.

- Os biberões devem lavar-se com água quente da torneira.

- As nádegas do bebé devem ser lavadas com água e sabão.

- A roupa do bebé pode ser enfiada na máquina como o resto da roupa de casa.

- Em todas as idades, devem tomar-se as refeições familiares em conjunto.

- Um adolescente pode ir vestido da maneira que bem entender.

- Petiscar, no caso de um adolescente, não é de condenar, porque precisam de imensas calorias.

*E O QUE NÃO DEVEMOS...*

- Rituais antes de dormir, como a história ou a cantiga, é para irem à vida.
Só servem para ritualizar o medo da criança. Deve-se mandar a criança para o quarto, e aí ela fará o que quiser com o seu tempo.

- Angustiar-nos com as horas de sono. E absolutamente necessário livrarmo-nos da obsessão do número de horas que eles dormem.

- Nunca, em circunstância alguma, se deve obrigar uma criança a comer.

- Biberão, chucha e objectos de transição devem desaparecer antes do fim do segundo ano da criança.

- Bater nunca: nem na mão nem no rabo.

- Elogiar, só para coisas excepcionais.

- A criança não deve escolher a sua roupa.

- Uma ordem não tem de ser explicada, tem de ser executada. A explicação que é dada ao mesmo tempo que a ordem apaga a hierarquia. Se quiser explicar, só depois da ordem cumprida. A figura parental nunca, mas nunca, tem de se justificar perante o filho.

*Para ler: 'Educar os Filhos', Aldo Naouri, Livros d'Hoje*

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Será

Gosto do Pedro Abrunhosa. Sempre gostei. Esta música dava uma performance. Um dia, quem sabe.
Pura poesia.





Será que ainda me resta tempo contigo,
ou já te levam balas de um qualquer inimigo.
Será que soube dar-te tudo o que querias,
ou deixei-me morrer lento, no lento morrer dos dias.
Será que fiz tudo que podia fazer,
ou fui mais um cobarde, não quis ver sofrer.
Será que lá longe ainda o céu é azul,
ou já o negro cinzento confunde Norte com Sul.
Será que a tua pele ainda é macia,
ou é a mão que me treme, sem ardor nem magia.
será que ainda te posso valer,
ou já a noite descobre a dor que encobre o prazer.
Será que é de febre este fogo,
este grito cruel que da lebre faz lobo.
Será que amanhã ainda existe para ti,
ou ao ver-te nos olhos te beijei e morri.
Será que lá fora os carros passam ainda,
ou as estrelas caíram e qualquer sorte é bem-vinda.
Será que a cidade ainda está como dantes
ou cantam fantasmas e bailam gigantes.
Será que o sol se põe do lado do mar,
ou a luz que me agarra é sombra de luar.
Será que as casas cantam e as pedras do chão,
ou calou-se a montanha, rendeu-se o vulcão.

Será que sabes que hoje é Domingo,
ou os dias não passam, são anjos caindo.
Será que me consegues ouvir
ou é tempo que pedes quando tentas sorrir.
Será que sabes que te trago na voz,
que o teu mundo é o meu mundo e foi feito por nós.
Será que te lembras da cor do olhar
quando juntos a noite não quer acabar.
Será que sentes esta mão que te agarra
que te prende com a força do mar contra a barra.
Será que consegues ouvir-me dizer
que te amo tanto quanto noutro dia qualquer.

Eu sei que tu estarás sempre por mim
Não há noite sem dia, nem dia sem fim.
Eu sei que me queres, e me amas também
me desejas agora como nunca ninguém.
Não partas então, não me deixes sozinho
Vou beijar o teu chão e chorar o caminho.
Será,
Será,
Será!

As últimas gracinhas das feijocas

Aos poucos as minhas feijocas começam a fazer gracinhas com plena consciência disso! A I agora aprendeu a esconder a cara com o lençol e a destapá-la para depois nós dizermos "Cucu" ou "Onde está a I? Está aqui", já a S aprendeu a virar-se completamente até ficar de gatas e depois ri-se desbragadamente!

E a chuva voltou...


... e a clausura também, que isto de andar com as feijocas na rua com este tempo não tem piadinha nenhuma!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Tudo tem um preço, mas tudo mesmo!

Estou escandalizada!
Fui comprar um presente aqui e quando perguntei se podiam fazer um embrulho sou surpreendida com a seguinte afirmação " Já não fazemos embrulhos. Temos estes envelopes-embrulho que custam 0,40 € os pequenos e 0,50 os grandes". Pensei que não estava a ouvir bem, mas efectivamente estava afixado um aviso ao lado da caixa com esta "pérola comercial".
Naturalmente não comprei embrulho nenhum! Não, não tenho papel de embrulho em casa e sei que, provavelmente, se for à papelaria comprar talvez até gaste mais de 0,40 €, mas recuso-me a pagar um embrulho que ainda por cima é insípido.
Estou escandalizada, agora até os embrulhos se pagam, como se o dinheiro que gastamos nos produtos já não cobrissem os gastos do papel de embrulho!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

...

Quando as portas não estão fechadas, qualquer brisa as abre...


(... e como é difícil fechar portas...)

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Às vezes

há uma tendência natural para o perigo, para o abismo.
Sabemos que aquele não é o caminho, mas é por aí que queremos ir, ou temos a ilusão de querermos ir, ou criamos a ilusão de que aí é que está a felicidade, ou acreditamos que aquilo que nunca foi poderá ser, ou cegamos por impulso e simplesmente desatamos a correr em direcção ao precipício, que até pode não o ser, e queremos acreditar que afinal não há nenhum buraco negro a seguir, que talvez tenhamos julgado mal as coisas, que se calhar agora é que é, mas depois constatamos que eternamente será a melhor-pior coisa e não sabemos o que decidir.

"A minha vida é um vendaval que se soltou" (José Régio)

Há dias assim


? ! ...

O conto mais curto de sempre (recebido por email)

Um dia um rapaz perguntou a uma rapariga se queria casar com ele e a rapariga disse que não.

Moral da história:

E viveu feliz para sempre...
sem lavar um montão de roupa,
sem cozinhar,
sem engomar,
saindo com as amigas,


dormia com quem queria, quando lhe apetecia
gastando o seu dinheiro conforme lhe dava na cabeça
e sem ter que fazer, dia após dia, de dona-de-casa !!!


FIM

O problema é que, quando éramos pequeninas, não nos contavam estas histórias... vinham sempre com a história do príncipe encantado...




CATO



Há mais de dez anos que não falávamos, quem diria! A mesma voz, o mesmo sotaque, a mesma descontracção no que se diz (menino-inocente-malandro)... Foi como se tivéssemos falado sempre, sem interrupções.

A espera continua.
Até andarmos de bengala, tu seres careca e eu ter o cabelo anil.

Joana Cato

(Por vezes)

Depois de se dar o primeiro passo é impossível recuar...


E agora não há como sair...


Joana Cato

Não sei...

...se não me meti numa alhada.
A telepatia às vezes é terrível!

Joana Cato

segunda-feira, 5 de abril de 2010

domingo, 4 de abril de 2010

Domingo de Páscoa

Almocinho de Páscoa em casa da mana com direito a jogo na Wii e tudo! As feijocas portaram-se benzito (embora a S. tenha feito a fita do costume com a sopa) e a tia babada ensinou a S. a dizer "Olá" (ou quisemos nós ouvir um "Olá" vindo da sua boquinha linda, vá-se lá saber!!!).

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Prémio Dardos

A minha querida A Minha Essência presenteou-me com este mimo!
Obrigada!





"O Prémio DARDOS visa reconhecer o mérito dos blogueiros que se empenham em transmitir valores culturais, éticos e pessoais, através das palavras e da arte demonstrada em seus trabalhos, transformadas num pensamento vivo."

As regras:

1. Aceitar e publicar o prémio, juntamente com o nome e o link de quem indicou.

2. Oferecer o prémio para 15 blogues.
Vejamos... Aqui no lado direito está uma listinha de Blogues lindos, certo? Ora bem, todos eles recebem este lindo prémio!

Esta minha querida já me tinha ofertado em Outubro (2009) e em Fevereiro (2010), respectivamente, outros dois prémios que nunca postei (que vergonha!)
Abraço virtual

Tucha vs Barbie


No meu tempo (parece que sou mesmo muito velha, ou talvez até já esteja mais velha do que quero pensar!!!) a boneca de eleição de todas as meninas era a Tucha. Uma boneca simples, de beleza natural, nem magra nem gorda, cabelos curtos ou compridos, com uma cara redondinha e uns olhos expressivos.

De há uns tempos para cá, a boneca que todas as meninas têm é a Barbie: Barbie no cabeleireiro; Barbie às compras; Barbie no carro; Barbie noite; Barbie etc, etc, etc. Cada uma tem o seu tema, o que faz com que muitos pais "se vejam obrigados" a comprar mais do que uma boneca, porque cada uma é rotulada e por isso "diferente" da outra. Boneca anorética, de beleza perfeita-estilizada-intocável, elegante, pose de modelo, loira (de preferência), cabelos longos, tez branquíssima, mais-que-o-ideal-de-mulher-petrarquista, etc, etc, etc.

E lá estamos nós de volta às questões da educação e influência da sociedade nas nossas crianças.
Antigamente não se falava (e na verdade não existia com as proporções dos dias de hoje) de anorexia, porque os exemplos que as crianças tinham eram "normais", as bonecas e as modelos-manequins não eram esqueléticas e por aí fora. Hoje, há crianças com dez e doze anos que fazem "greves de fome" porque o modelo actual das nossas meninas é a Barbie, por isso a partir de uma idade imberbe começam a preocupar-se excessivamente com o seu aspecto exterior, pois querem ser como essa boneca (quantas vezes já não vimos miúdas com doze anos que parecem ter dezasseis!)(Sim, claro também existem os exemplos de obesidade infantil e de todos os dramas que estas crianças enfrentam - isso daria outro post - um dia destes falo disso.)!

... com isto digo que não gosto do conceito Barbie, prefiro a minha querida Tucha - "Volta, estás perdoada!".

(Quem me dera que as minhas Feijoquinhas viessem a ter Tuchas e não Barbies, ou então, pode ser que até lá inventem outra boneca mais real!)

Não estou maluca!


Hoje falei com uma amiga que teve o seu pimpolho há três semanas e pois que ela me confessou estar a dar em louca com a atitude dos pais dela... eu só me ria e ia concordando.

Conclusões:
1 - Quando os pais são avós ficam doidos;
2 - Não estou maluca, pois há quem sinta e pense exactamente o mesmo que eu!

E com isto fiquei mais descansada, pois já receava estar com pouca sanidade mental!

Cafézinho à beira mar

Hoje fomos aqui e estava-se tão bem!

As feijocas portaram-se lindamente!