sábado, 26 de maio de 2012

Dos 40º à hipotermia

Desde sábado que esta casa é a loucura.
Primeiro a S. teve febres de 40º que não cediam, nem com ben-u-ron, nem com brufen, nem com banhos, nada. Na 4ªfeira começou a I. com febre de manhã. O circo estava montado e o medo imperava. se a I. tivesse o mesmo que a S., nela a febre seria ainda mais alta, já que habitualmente chega aos 40º.
Fui ao pediatra - diagnóstico - amigdalite.

À noite deitei-as. A S. com febre, apesar de medicada e a I. sem febre, mas medicada.
De dez em dez minutos tinha que ir ao quarto ou porque ia ver a febre, ou porque havia tosse-vómito, ou choro, ou chamamento, sei lá, numa das vezes, quando medi a febre à I. ela estava com 34,8º e encharcada em suor.

Tentei de tudo para a aquecer e nada resultava. Quando a S. me viu metida na cama da irmã começou a fazer birra porque queria que eu fosse para a dela. Expliquei-lhe que não podia, que tinha que aquecer a irmã que estava gelada. Ela subiu para a cama da I. e de repente fez-se luz - pedi-lhe que desse um abraço à irmã, pois ela precisava. Estiveram 2 minutos abraçadas. A temperatura subiu para os 35º. Há coisas que não se explicam.

Na noite seguinte, a S. já não teve febre, mas a I. voltou a ter um destes episódios de hipotermia.

Ontem, estiveram as duas na casa dos 34º,7 (a I. chegou aos 34º). Telefonei para a saúde 24. Estava a tomar todas as precauções indicadas. Troquei de roupa quase de 10 em 10 minutos das 0h às 4h, hora a que tudo acalmou.

Hoje é mais uma noite.
Já começou.
34,9º

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Virose

Diz que é uma virose que anda no "infetário".
Diz que dá febres altíssimas (comprovado, já chegámos aos 39,9º e nem com ben-u-ron, nem com brufen, nem com panos húmidos na testa e articulações a maldita cede).
Diz que dá tosse, sem que o brônquios estejam obstruídos (comprovado, tosse completamente aflitiva, mas não há gatos e na auscultação a S. estava limpinha).
Diz que dura 5 dias.


Só não disseram que a miúda ficaria completamente prostrada, sem querer comer (a minha S. não quer comer?! Nem sequer fruta!?) e só dorme, dorme, dorme, a arder em febre, o corpo a escaldar, mas com os pés e mãos gelados e cheia de frio.



Para variar, tudo acontece numa daquelas alturas excelentes!




Nota: Podia ter sido pior, parece que também há um caso de sarna no "infetário" e a miúda em causa é só uma bonequinha com quem nos damos muito bem e andamos sempre aos beijinhos e abraços.

sábado, 19 de maio de 2012

Voltámos...

... à febre!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Chichi crescido

Eram 2h15 da manhã quando senti a minha I. a esgueirar-se para dentro da minha cama. Fantástico, não chorou nem berrou para eu a ir buscar,  a minha feijoca já está crescida, pensei, e virei-me para o outro lado e foi nesta altura que vi a luz da casa de banho ligada.
Estranho.
Levantei-me e fui ver o que se passava.
Afinal, a catraia está ainda mais crescida.
Pelos vistos, levantou-se, foi à casa de banho, tirou a fralda, fez chichi no bacio e foi-se deitar comigo. Tudo sem eu dar conta.


Agora só tenho que a ensinar a limpar o pipi, voltar a pôr a fralda, deitar o conteúdo do bacio na sanita, desligar a luz e, de preferência, voltar para a sua própria cama. Fácil, portanto!

sexta-feira, 11 de maio de 2012




O vazio é uma nuvem granítica, um peso azedo que não se sente.




quinta-feira, 10 de maio de 2012

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Delícia



A expressão de espanto, admiração, surpresa e gargalhadas da minha S.

As afirmações "adultas" da minha I. (Chatice, não temos lugar para o carro!)

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Coisas que se ouvem

"... a solidão acompanhada é pior que a solidão solitária..."

domingo, 6 de maio de 2012

Mãe

Esta é uma palavra que pesa... muito... de mais.

sábado, 5 de maio de 2012

Como é que se esquece alguém que se ama? - Miguel Esteves Cardoso

Como é que se Esquece Alguém que se Ama? Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?
As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguem antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.
É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução.
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha.
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.

Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'