Carta aberta aos meus filhos
Meus Amores,
É verdade que há dias em que grito demais. Que me irrito demais. Que padeço de tolerância zero e que me canso {e que vos canso} demais.
Há dias em que brinco pouco e outros em que me rio pouco, porque nem sempre o dia para trás deu vontade de rir.
É
verdade que nem sempre ouço tudo o que têm para me dizer, e que nem
sempre consigo olhar-vos nos olhos enquanto terminam todas as frases,
porque o telefone toca, o jantar queima, os TPC´s têm de ser feitos, e a
paciência já se esgotou.
Há dias
que em que não vos dou todos os abraços que merecem, nem todos os
beijos que preciso dar-vos. E há outros em que penso que daria tudo {ou
quase tudo} por apenas uma hora de paz e sossego.
Na verdade, há sempre dias em que não sou a Mãe que quero ser.
Em que
me sinto longe da fantasia que montei na minha cabeça - a de uma mãe
sempre paciente, sempre feliz e realizada, sempre calma e adequada.
Há dias assim. Em que acho que faço tudo mal.
Mas de uma coisa podem estar certos:
O vazio da vossa ausência dói. E o silêncio que fica, às vezes, torna-se ensurdecedor.
Obrigada por ampliarem o meu coração todos os dias.
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