Era um exemplo de coragem, de querer, de vida, de confiança, de sonho, de força, de convição. Sempre foi em frente, cometeu loucuras por amor e por acreditar na ilusão de ser amada.
Fez felizes muitos dos que estavam à sua volta e ultrapassou o sofrimento que a muitos deitaria por terra. Talvez por isso tivesse tido sempre essa força e vontade de viver de que estes últimos tempos não foram exemplo.
Sensivelmente de há um ano para cá, o chão foi-lhe retirado e viu-se imóvel. De há um ano para cá que tinha vindo a morrer aos poucos. Hoje foi a sentença final.
Há meses que não a via. Quanto mais tempo passava, menos vontade tinha de o fazer, porque cada vez passava mais tempo e eu sentia-me cada vez pior nessa ausência, porque sabia que este dia estava próximo e queria reter a sua melhor imagem, porque ir significaria a total consciência da despedida...
Falhei.
A última vez que a vi, foi no hospital completamente inconsciente, disse-lhe que acreditava, que ela ia sair dali, que era um exemplo de tenacidade para todos nós, mas saí de lá querendo esquecer o que vira. Aquela não era ela, o olhar vago, distante, sem palavras, gemidos de dor.
Falhei.
Hoje foi a sentença final.
Agora terei que ter tempo para lá ir, mas recusar-me-ei a olhá-la. Para mim, não é esta, nunca será esta, será sempre aquela senhora distinta, bem vestida, altiva, alegre, com força e vontade de sugar todo o tutano da vida.
Nunca me esquecerei de si e de todas as loucuras que cometemos juntas.
Até um dia, madrinha!
2015/2016
Há 9 anos
Sem comentários:
Enviar um comentário