
Tudo começou quando a terra ficou saturada de tanto trabalhar.
As plantações eram sucessivas e ela não respirava. Um dia, o agricultor plantou um pé de feijão muito forte e que lhe sugava toda a água que ainda lhe restava e como esta nova plantação era frágil, a terra canalizou para aí toda a energia, e as outras plantações, principalmente a macieira do centro, ressentiram-se. O agricultor nada fazia ao ver a terra ressequida. Ficava só a olhar a, para ela assustadora, queda da colheita, preocupando-se, principalmente, com aquilo que pouca relevância tinha quer para a macieira, quer para o pé de feijão. A terra sentia-se cada vez mais despovoada e sem capacidade para se autorregenerar.
Ela sabe que em breve nenhuma maçã sobreviverá e que agora já nada pode acontecer para que a sua produtividade volte a ser o que era antes.
A terra transformar-se-á em deserto. Só o pé de feijão vingará, mas sem a força que devia, porque a terra que o sustenta está morta por dentro.