segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Prendas devolvidas

Eu tinha avisado.
Eu tinha avisado mais do que uma vez.
Eu tinha avisado que qualquer dia as prendas voltariam para trás porque eu não quero que as miúdas sejam mimadas e tenham tudo e mais alguma coisa.
Eu tinha avisado que para mim os miúdos, em qualquer idade, são inteligentes e percebem tudo, portanto não podem ser presenteados todos os dias ou semanas ou de cada vez que vêem determinadas pessoas.
Ontem foi o dia (tal como nas frases dos pacotes de açúcar do café Nicola - "Hoje é o dia" - pois foi ontem).
Chegaram cá com uns livros e eu simplesmente disse que esses livros iam de volta.
Houve rebuliço.
Disse que os ia dar na igreja.
Houve discussão.
Os livros foram-se embora.
Valeu a pena? Era preciso tanto por causa de uns livros? É discutível. O que não é discutível é haver uma tentativa de desautorizar o que foi dito por parte da mãe. Se a mãe diz que não se faz determinada coisa, isso significa que não se pode fazer, caso contrário é um desafio à autoridade, é uma desautorização.
Falei mais uma vez do respeito.
Disse mais uma vez que as filhas são minhas e que a linha educativa sou eu quem a traça.
A guerra instalou-se.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

As gordurinhas malandras


Hoje pesei-me a medo. Tenho feito algumas asneiras e só pensei, Ai meu Deus que agora é que me vou assustar e devo ter engordado não sei quantos kilos porque isto tem sido um forrobodó! E de repente vi um kilo a menos do que da última vez!
Das duas uma, ou a balança está estragada, ou então as gordurinhas e caloriazitas estúpidas estão a ser umas malandras e estão a armazenar forças e um dia destes acordo e quando me olhar ao espelho e me pesar tenho um ataque de coração e caio para o lado, porque elas decidiram aparecer subitamente.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

"O mar enrola na areia... ninguém sabe o que ele diz..."

Hoje fui ver o mar com a minha amiguinha do coração. E soube bem, soube mesmo bem.


Temos que repetir, é o que é!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

À nossa volta


Há já algum tempo que as mesmas situações existem à minha volta e isso deixa-me a pensar. A vida dos outros não é só dos outros, se os amamos, é nossa também e a dor alheia instala-se em nós "como se fosse nossa" (não, não tenho a veleidade de pensar que sinto o mesmo que eles, "quem está no convento é que sabe o que lá vai dentro", no entanto dói, dói muito).
As questões são muitas. Afinal o que é o amor? Já tantos poetas, escritores, filósofos o tentaram definir e concluíram que era impossível fazê-lo.
Se o início de um amor se consegue transpor minimamente para as palavras, já que existem, inclusivamente, factos "palpáveis" que o confirmam, a continuidade/longevidade desse amor é que se torna difícil de perceber (ou talvez não, talvez as dúvidas sejam mesmo só minhas).
Qual é a fronteira entre o amor "estável", "adulto", "rosa" e o hábito de estar com alguém?
Será que quando as palpitações por ver determinada pessoa desaparecem isso significa que já não há amor, mas sim apenas o hábito de estar com essa pessoa?
Quando é que temos a certeza de que já deixámos de amar e o que existe é simples carinho, amizade, companheirismo?
Será que uma traição basta para ditar o fim de uma relação e de um amor?
Será que o simples facto de alguém se sentir atraído por outra pessoa é sinónimo de ter deixado de amar o/a seu/sua companheiro/a? Ou será preciso consumar o acto?
Não sei.
Às vezes acredito na monogamia, afinal, quando amamos e estamos bem, a pessoa com quem estamos basta-nos porque nos completa, outras vezes acho que a monogamia é impossível, pois estamos vivos e é normal que sintamos atracção por outras pessoas e porque podemos amar de diferentes formas.
E depois há novamente as dúvidas acerca do hábito de estar com.
E depois vêm as dúvidas acerca de definir o que é hábito e o que é a longevidade do amor.
E depois não sei.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

!?

Há acontecimentos que nos estralhaçam por dentro. Num minuto os ideais, a perfeição revela a face que afinal é real e que nos custa a acreditar. E dói. Dói muito. E achamos que não pode ser possível, porque nunca considerámos que isso era uma hipótese. E dói. Dói muito.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Hoje ouvi isto...




... e lembrei-me...

Joana Cato

Recomeçou a chuva

e com ela recomeçaram os meus problemas de transporte das feijocas!...

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

E sai uma bronquiolite ali para a cama da S., por favor!

Durante o primeiro tratamento de choque, que envolvia antibióticos, correu tudo bem, nada de febres, nada de tosses, nem ranhos, nem nada. Assim que acabou o tratamento de choque, veio a febre, o ranho, a tosse, e tudo e mais alguma coisa.
Hoje fomos à consulta de reavaliação - Bronquiolite e quase otites para a menina S.
Nada a estranhar, isto já é o normal, não é verdade? Mais doses de cavalo...








Ai, quando é que isto acaba! Lá para os 35, quando elas finalmente arranjarem emprego e casa própria, não? Até lá morro!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

E esta noite foi um corropio

Primeiro foi a S. a escaldar em febre, 39,2º, tive que a despir completamente e colocar-lhe panos molhados na testa, pois o Brufen não estava a fazer efeito. Veio para a nossa cama, porque não conseguia dormir e eu estava a ir lá de cinco em cinco minutos e, claro, a irmã quase a acordar.
Depois foi a I., acordou histérica e a bater-se, sim, dava estalos nas próprias pernas. Escaldava. 40,3º. Despi-a, levei-a para a nossa cama, já que para além de ela espernear por não querer ficar na dela, eu estava com medo que a miúda tivesse uma convulsão ou qualquer coisa do género. Aquele comportamento masoquista não é nada normal. Tentei colocar-lhe os panos molhados. Impossível.
Conclusão
Éramos cinco naquela cama (o gato também conta).
Ainda bem que a cama é grande, 1,60x2m, caso contrário seria bonito!
Mais uma noite sem dormir.
(E agora, parece-me que sou eu que estou a chocar e a senhora febre já me está a bater à porta.)

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Saídas nocturnas



Hoje foi o primeiro dia, desde que as feijocas nasceram, que decidimos sair e deixar as cachopas entregues aos avós. O motivo era mais que forte.
Tinha saudades. Tenho saudades. De sair com o meu maluco. De ir ao teatro. De não pensar em mais nada. De me sentir livre.
O facto de sair sem elas não me fez confusão absolutamente nenhuma. O problema não reside aí. Tivesse eu dinheiro e contrataria alguém para me ficar com elas sempre que a ocasião justificasse. O problema real é que quando queremos seguir por um caminho, não podemos permitir que os atalhos surjam com frequência, caso contrário, estes últimos adquirem tal posição e importância que assumem a veleidade de se apregoarem como o caminho, o que não pode ser.
Conclusão - ou me sai o Euromilhões (e tenho-me esquecido de jogar!) ou estas saídas serão mesmo muito escassas, porque se não queremos X não podemos dar aso a que tal suceda.


Foto tirada daqui.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

...

Ontem disse que ninguém espera por amor durante vinte e um anos...

















Há quantos anos foi?...

















... há 22...












Afinal não menti.

Joana Cato

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Hábitos


Pois que a senhora-catraia-S. agora decidiu acordar sempre às 5h55m da manhã, o que me impossibilita de dormir aqueles últimos 5 minutos que me sabem pela vida!
O raio da miúda acorda, com aquele choro infernal, e não há quem a cale, resultado, nem consigo dormir os meus preciosos 5 minutos, nem consigo tomar banho calmamente, porque, se a deixo a chorar na cama, acorda a irmã, que também chora, e acorda o prédio todo, tais são os gritos que saem daqueles pulmões, se a levo para a casa de banho comigo e a deixo livremente, com a porta fechada, claro (como fiz ontem), ela pode queimar-se no toalheiro, mas anda divertida, se a levo para a casa de banho sentada na cadeira de refeição (como fiz hoje) não posso fechar a cortina da banheira nem tornar muito visível o jacto do duche, caso contrário recomeça o choro lancinante, porque tem medo da força da água.
Ai, vida dura!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Obesidade


Hoje, finalmente, falei com o meu aluno que é obeso (eu sei que esta palavra dói, oh se sei, foi esta palavra que me fez fazer uma dieta aos 16 anos, quando a minha querida médica de família me disse "Você está obesa!", mas as realidades são para se dizer, e ele é obeso, ele não se consegue baixar para abotoar os atacadores dos ténis). Fomos almoçar juntos exactamente para conversar.
Não estive com paninhos quentes (não, não lhe disse que ele era obeso, disse "apenas" que ele tinha um problema com o seu peso), mas não me parece que tenha sido rude. Disse-lhe que, talvez melhor que ninguém, sabia o que ele estava a sentir, sabia o que era ter peso a mais e como é difícil a tarefa de emagrecer, como todas aquelas coisas de que gostamos, e que nos fazem mal, chamam por nós, como não podemos ter doces em casa, porque a febre de os comer supera toda a força de vontade e como é angustiante querer comprar uma peça de roupa e nada nos servir. Disse-lhe que já tive vinte quilos a mais, por mais de uma vez, e dos sacrifícios que temos que fazer, mas também das formas saborosas como o podemos fazer e que custam menos. Senti que neste momento ele está na fase de culpabilizar o mundo pela sua gordura, ou porque não tem tempo de fazer refeições mais espaçadas, ou porque a comida na escola não é a melhor (aqui com alguma razão, são demasiadas as vezes em que há fritos ao almoço), ou porque não gosta de legumes nem de saladas nem de peixe, ou..., ou..., ou... A tarefa dele é mais difícil, é, sem dúvida. Ele não faz a sua comida (tem apenas 12/13 anos), o seu agregado familiar é obeso e não se preocupa com isso - "O meu pai gosta de chocolates e compra... Já estão quase a acabar.".
Hoje, lembrei-me de muita coisa, principalmente da questão da roupa. Houve uma época em que eu (quase) não tinha roupa comprada. O meu guarda-fato estava cheio de roupa feita pela minha mãe, ela é que me salvava. Eu via a roupa nas lojas ou inventava e a desgraçada lá se punha na máquina de costura a fazer-me as coisas. Eu não tinha calças de ganga. Todas as minhas amigas usavam calças de ganga e eu não conseguia comprar umas para mim. Não havia o meu número (pelo menos nos modelos que eu gostava), até que houve uma moda de calças de ganga com uma barra lateral. Foi a minha salvação. A minha mãe lá transformou umas calças de ganga antigas colocando uma larga barra lateral com tecido de cortinado (daquele mesmo rijo às flores). Passaram as ser as minhas calças favoritas. Depressa a moda passou. Depressa fiquei sem calças de ganga. (Talvez por isso, hoje, as calças de ganga sejam a minha farda diária. Talvez.)
Não sei se a conversa resultou. Gostava que sim, mas acho que não. É duro ouvir. É duro tomar uma decisão. É duro ter a força suficiente para avançar, quando os resultados são mínimos e o entusiasmo desaparece num sopro. Gostava de lhe proporcionar o milagre que ele deseja, mas ele não existe. É dentro de nós que o milagre se dá e senti que ainda falta tempo para que o milagre se dê nele. Até lá, aquela família não vai ajudar, a sua mobilidade é cada dia menor e a frustração maior.




Infelizmente, sei que quem é gordo uma vez, é gordo sempre, porque por mais que possamos emagrecer, a nossa cabeça será sempre a cabeça de um gordo. Somos um pouco como os alcoólicos anónimos - um dia de cada vez - "hoje resisti ao bolo, ao chocolate, ao salgado...", contudo, no dia seguinte "tive que comer, ontem consegui não o fazer, mas hoje tinha que ser...".