terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

...

Quando tudo acaba, o vazio que se instala é gelo que fere um corpo já sem sangue.





Sobrevive-se sem cor, sem pulsar, vegeta-se à espera que a presença se dissipe e deixe de habitar um espaço abandonado há muito.





A frustração de não ter conseguido e a certeza de saber que não se iria conseguir persiste.





Há coisas que sabemos que irão acontecer.





... e não conseguir fazer nada para o impedir...





... e perceber a significância do que era insignificante (ou que se desejava que fosse insignificante).





... e o muro que nos atravessa...





... e o quarto insonorizado do ser que se tranca a cadeado imune à vida...





... e não haver nada do outro lado...






O silêncio.
O silêncio que pesa.
O silêncio que é palavra-grito.
O silêncio que corrói.
O silêncio.









sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Avó(s)*

... a verdade é que nunca a tive, assim como as outras pessoas têm, ou como imagino que têm. Avó efetivamente biológica nunca foi minha, foi e é dos outros netos, daqueles que estão perto dela e que ela venera. Eu nunca habitei o seu coração. Tive uma tia, a minha tia Carlota, que podia ter sido a minha avó. Consegui vê-la tantas vezes como minha avó. E tive outra... aquela com quem sinto uma ligação espiritual. Aquela de quem tenho a única fotografia existente, mas que morreu quando o meu pai tinha sete anos. Nunca a vi fora de mim, mas segundou os outros, posso vê-la sempre que me olhar ao espelho. A verdade é que nunca tive avós e este é um abismo dentro de mim. Sinto falta. Teria sido bom. Sobrevivi e sobrevivo sem isso. Os avós para mim só existem na imaginação.

*Texto catártico produzido em aula. (Afinal, só podemos pedir aos nossos alunos aquilo que também nós somos capazes de fazer.)

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Nem por isso perdia totalmente a aposta!

Não foi escarlatina, mas foi Entreovírus (parece-me que do tipo mãos, pés, boca). Alguma coisa pelo menos uma delas tinha que ter. Desta vez foi a S. Agora é esperar que a I. também tenha.

E é esta a minha vida!

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Vamos apostar?

Hoje, fui levá-las à educadora e não à CAF.
"Sabe, mãe, temos que estar atentas, pois há um caso de escarlatina nesta sala. A criança está em casa, mas a mãe veio cá dizer para nós estarmos alerta!" - disse-me a educadora.
Assim que entrei no carro, benzi-me e pensei - Bem, amanhã a I. acaba de tomar o antibiótico por causa da 2ª otite consecutiva e agora vão as duas ter esta maldita escarlatina.

Hoje, à hora do jantar, a S. começou por dizer que tinha frio. Minimizei. Depois disse que lhe doía a garganta. Não quis acreditar. Olhei bem para ela. Medi a febre. 38,2º.

A escarlatina vem aí. Vamos apostar?

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Otite - outra vez

Só me apetece gritar.
Passados 5 dias de acabar o antibiótico, a I. está a antibiótico outra vez e novamente com a possibilidade de se revelar uma otomastoidite.