terça-feira, 31 de julho de 2012

Listas definitivas

Hoje é o dia.
Já lá fui e ainda não saiu nada.
Assim que entrei no infantário para as deixar, tive vontade de chorar. É o último dia em que elas vão estar na sua zona de conforto, onde sempre foram mimadas e cuidadas com o máximo de atenção. O que aí vem é uma incógnita e tenho tanto medo. Tenho medo que não entrem para a escola pública, tenho medo que não se deem bem, tenho medo de tudo. Já lhes disse que vão para outra escola no próximo ano letivo. Disseram-me que não. Ontem, quando abordei novamente o assunto, a I. perguntou-me se na escola nova estava lá a P.T, a P.P, a F e percorreu todos os nomes das pessoas que estão diretamente ligadas a elas. Disse-lhe que não, que estariam pessoas novas e novos amigos. Fez-se um silêncio.
Está a ser tão duro.
Não tinha que ser assim. Se eles me tivessem ouvido...

segunda-feira, 30 de julho de 2012

O primeiro amor

A minha I, com dois anos e onze meses, já sentiu o seu primeiro amor! Melhor, o seu primeiro amor à primeira vista. Foi este sábado na Lagoa de Santo André.
Fomos ter com a minha irmã e estava lá um amiguinho do meu sobrinho que fez as delícias à cachopa! Não se largaram um minuto, ele tratava-a por princesa e dizia que tinha gostado dela assim que a tinha visto, ela agarrava-se a ele, fazia-lhe festinhas, e dizia "Eu gosto do D., sempre, sempre!"

Ai, meu Deus, o que me espera?!


 Nota - O D. tem 9 anos!!! 

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Palavras que também sinto

Este texto extraordinário (retirado daqui) reproduz o que tantas vezes sinto.

Carta aberta aos meus filhos

Meus Amores,

É verdade que há dias em que grito demais. Que me irrito demais. Que padeço de tolerância zero e que me canso {e que vos canso} demais.
Há dias em que brinco pouco e outros em que me rio pouco, porque nem sempre o dia para trás deu vontade de rir.
É verdade que nem sempre ouço tudo o que têm para me dizer, e que nem sempre consigo olhar-vos nos olhos enquanto terminam todas as frases, porque o telefone toca, o jantar queima, os TPC´s têm de ser feitos, e a paciência já se esgotou.
Há dias que em que não vos dou todos os abraços que merecem, nem todos os beijos que preciso dar-vos. E há outros em que penso que daria tudo {ou quase tudo} por apenas uma hora de paz e sossego.
Na verdade, há sempre dias em que não sou a Mãe que quero ser.
Em que me sinto longe da fantasia que montei na minha cabeça - a de uma mãe sempre paciente, sempre feliz e realizada, sempre calma e adequada.
Há dias assim. Em que acho que faço tudo mal.
Mas de uma coisa podem estar certos:
O vazio da vossa ausência dói. E o silêncio que fica, às vezes, torna-se ensurdecedor.
Obrigada por ampliarem o meu coração todos os dias.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Das decisões difíceis, mas inevitáveis

Hoje fui lá ao escritório dizer à senhora-das-contas que as minhas feijocas não vão ficar no infantário para o ano.

A decisão está tomada. Não há volta a dar.
Para além de não ter dinheiro para pagar o que eles querem, não posso compactuar com a política de mensalidades que ali se pratica.

Tenho pena, aquela gente nem imagina como estou a sofrer com esta decisão. Sempre sonhei que elas ficariam lá até aos cinco anos.

Tenho medo do que acontecerá para o próximo ano letivo, onde ficarão, com quem, se cuidarão bem delas, se me dirão mesmo tudo o que se passa durante todas aquelas horas em que elas têm que ficar na escola.

A única coisa a que me agarro é que elas são duas, são companheiras, cúmplices, protetoras e que se hão de defender.

Ajuda-me, meu Deus!

Da correção dos exames nacionais


Muito se fala, e se tem falado, sobre a realização dos exames nacionais. Alunos que, passadas aquelas duas horas e meia,  saem a chorar, porque a prova era muito difícil, outros que saem contentes, porque afinal era fácil, etc, etc, etc. Ninguém fala dos professores classificadores dos exames, ou melhor, de como todo este processo se desenrola e das injustiças existentes.
            Não, não vou tecer comentários aos critérios de correção e à subjetividade a eles inerente (tome-se o caso de Português – 639, em que os cenários de resposta do grupo I iniciam da seguinte forma, e passo a citar, “A resposta pode contemplar os tópicos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes”. O que é relevante para mim... mas esta questão daria outro texto. “Não vou por aí”[1].), interessa-me expor o caso gritante dos professores classificadores de exames nacionais.
            No ano letivo de 2010/2011, o GAVE e o Ministério da Educação decidiram formar professores classificadores de exame e, para isso, alguns representantes de todas as disciplinas tiveram dois dias de formação por esse país fora, onde, de uma forma geral, refletiram sobre a tipologia das questões e analisaram respostas de alunos de exames do(s) ano(s) anterior(es), fazendo propostas de classificação através dos respetivos critérios de correção. Esta formação compreendia também a realização de um relatório final após a correção dos exames nacionais do referido ano. Houve quem não tivesse entregue este relatório e quem assim procedeu, aparentemente, foi excluído da “Bolsa de Classificadores de Exames Nacionais”. Também durante este ano letivo, os mesmos professores, qual elite magnífica, voltou a ter formação, desta vez online, durante uma semana e meia, com tarefas diárias, como perante uma situação imaginária fazer uma tomada de posição, ler textos específicos e fazer uma reflexão sobre os mesmos, fazer sínteses de determinados parágrafos, sobretudo sobre pedagogia do ensino (onde está a pedagogia na correção dos exames nacionais, se estes são um produto e não um processo?) e posteriormente análise e proposta de classificação de respostas de exames nacionais de anos anteriores. Quem não entregou relatório no ano transato, não fez esta formação deste ano, é bom salientar! (Pelos vistos quem “chumba” não precisa de repetir, está automaticamente eliminado, o que para alguns não deixará de ser um alívio e para outros a recompensa da incompetência!). O objetivo desta formação é uniformizar o tipo de correção e especializar os professores classificadores nesta tarefa? Desde quando esta formação diminui a subjetividade da correção quando falamos de itens de construção (as antigas respostas abertas)?
            Após estes preâmbulos chegamos ao cerne da questão. Formaram-se professores, não todos os do país, seria muito dispendioso, massacraram-se alguns dos professores deste país com uma formação durante uma semana e meia numa altura em que as escolas estão ao rubro com trabalho e, claro, como estes são os “professores de elite” também a correção dos exames recai (quase) exclusivamente nestes. Se o princípio de formar professores classificadores de exames está correto, com toda a certeza que sim, mas o mais justo seria que todos os professores fossem formados para tal tarefa, porque o que se passa neste momento é que muitos dos professores que estiveram a lecionar o ano de exame não estão a corrigir a dita prova e os outros, os da bolsa, levam com cerca de sessenta provas para corrigir em tempo record, quando o seu colega do lado está liberado desta função. Pior, e mais uma vez tomando o caso do exame de Português – 639, um professor recebe cinquenta e seis provas numa quarta-feira e tem que fazer uma primeira correção das quatro perguntas de interpretação e do texto B do grupo I até sexta-feira às dezoito horas, a fim de colocar as dúvidas suscitadas pela correção. Cinquenta e seis provas! O professor tem que ser libertado de todo e qualquer serviço de escola – é a resposta do GAVE. E se tiver conselhos de turma de avaliação dos outros níveis de ensino que não têm exame? E se for diretor de uma dessas turmas e a sua reunião estiver marcada para um desses dias? E se pertencer ao secretariado de exames? Não faz nada disso? Limita-se a dizer à direção “Meus queridos, agora tenho que corrigir os exames, portanto, esqueçam-me”? E o professor não tem que dormir? Parece-me impossível cumprir estes prazos. É que a vida profissional continua para além dos exames, a escola não para, nem pode parar (já nem falo da vida pessoal do professor, essa está relegada para terceiro plano durante todo o ano letivo!). Não seria preferível escalonar mais professores para a correção de exames (mesmo os que não pertencem à Bolsa de Classificadores) e atribuir a cada um um número inferior de provas? Não seria mais justo? Não seria menos penalizador e massacrante para aqueles que são sempre os mesmos? Não existiria mais qualidade, sim, qualidade, porque com menos exames para corrigir a concentração e disponibilidade é outra? Todo este cenário existe apenas no ensino secundário. Para os exames do ensino básico não foram formados professores, por isso (quase) todos são chamados, o que permite que cada um deles receba cerca de trinta e cinco provas para corrigir. Interessante, os professores do básico não precisam de formação... que mensagem é esta que o GAVE e o Ministério da Educação estão a transmitir?
            Não, não pertenço à tão aclamada Bolsa de Classificadores e, por isso, não fui chamada para corrigir exames. Não, os professores pertencentes a esta Bolsa nem por isso corrigem melhor os exames do que os outros (vi classificações incongruentes/incorretas nos exames que me apresentaram para pedir recurso). Não, não estou minimamente feliz por ter menos trabalho para fazer. Pelo contrário, estou revoltada por não ter sido chamada. Queria ter sido chamada. Considero que qualquer professor que leciona anos de exame, aliás todos os níveis de ensino, deve ser chamado a corrigir provas, pois só desta forma podemos melhorar todo o percurso de um ano letivo que, supostamente, serve para que o aluno possa desenvolver competências, adquirir conteúdos e atingir objetivos de modo a alcançar o sucesso nos exames nacionais.
            “É a Hora!”[2] de pensar, efetivamente, na qualidade do ensino. “É a Hora!” de confiar e valorizar o trabalho docente. “Falta cumprir-se [a educação em] Portugal!”[3]


[1] in “Cântico Negro”, José Régio
[2] in Mensagem, Fernando Pessoa
[3] in Mensagem, Fernando Pessoa

domingo, 8 de julho de 2012

A caminho da praia

Hoje, a caminho da praia, encontrámos um vendedor de toalhas e afins já com uma certa idade com uma longa barba branca.
A I. olhou para ele e disse "Olá pai natal!".
Esta miúda não existe! Estou feita com ela!

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Jardim Zoológico II

Como é possível que me tenha esquecido de referir uma coisa tão importante!?

Ontem, pela segunda vez na vida, as feijocas comeram um gelado, um Mini-milk.


Ai que já as começo a estragar, minha querida!

domingo, 1 de julho de 2012

Hoje foi dia de Jardim Zoológico

Já não ia ao Jardim Zoológico há uns trinta anos, meu Deus, trinta anos!!! (Passando à frente.)

Vimos tudo (minto, não chegámos a assistir ao espetáculo das aves). Fartámo-nos de andar, estamos derreados, mas valeu a pena. Só não andámos de teleférico.


Sim, a minha S. voltou a ter daqueles ataques - choro, gritos, tremores desenfreados. É terrível vê-la assim e tentar transmitir-lhe calma é uma tarefa hercúlea porque ela não cede. Acho que as únicas partes em que ela não reagiu desta forma, e até gostou, foi quando vimos os elefantes, as girafas e o crocodilo.
Só espero que tudo isto passe.