quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Coisas de gémeos

Isto de "o que uma faz a outra também faz" pode chegar aos extremos e ao ridículo da situação!
Na noite passada, a I. fez chichi na cama por volta da meia-noite e a S. repetiu a proeza às seis da manhã!


Ai!!!

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Quando eu morrer

Quando eu morrer, não quero que existam apenas palavras insípidas ditas por um padre que nunca me viu ou conheceu.
Hei de escrever um texto para ser lido nessa altura, de preferência será lido por alguém que saiba ler um texto com sentido.
Tenho que escrever este texto rapidamente (nunca se sabe o que nos pode acontecer daqui a cinco minutos) e enquanto não morrer acrescentarei ou modificarei aquilo que for achando necessário.

O mote poderá sempre ser este poema

Fim

Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!
Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza…
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro.

Mário de Sá Carneiro

domingo, 25 de novembro de 2012

Mais uma vez, falhei...

Era um exemplo de coragem, de querer, de vida, de confiança, de sonho, de força, de convição. Sempre foi em frente, cometeu loucuras por amor e por acreditar na ilusão de ser amada.
Fez felizes muitos dos que estavam à sua volta e ultrapassou o sofrimento que a muitos deitaria por terra. Talvez por isso tivesse tido sempre essa força e vontade de viver de que estes últimos tempos não foram exemplo.
Sensivelmente de há um ano para cá, o chão foi-lhe retirado e viu-se imóvel. De há um ano para cá que tinha vindo a morrer aos poucos. Hoje foi a sentença final.
Há meses que não a via. Quanto mais tempo passava, menos vontade tinha de o fazer, porque cada vez passava mais tempo e eu sentia-me cada vez pior nessa ausência, porque sabia que este dia estava próximo e queria reter a sua melhor imagem, porque ir significaria a total consciência da despedida...
Falhei.
A última vez que a vi, foi no hospital completamente inconsciente, disse-lhe que acreditava, que ela ia sair dali, que era um exemplo de tenacidade para todos nós, mas saí de lá querendo esquecer o que vira. Aquela não era ela, o olhar vago, distante, sem palavras, gemidos de dor.
Falhei.
Hoje foi a sentença final.
Agora terei que ter tempo para lá ir, mas recusar-me-ei a olhá-la. Para mim, não é esta, nunca será esta, será sempre aquela senhora distinta, bem vestida, altiva, alegre, com força e vontade de sugar todo o tutano da vida.
Nunca me esquecerei de si e de todas as loucuras que cometemos juntas.

Até um dia, madrinha!

sábado, 24 de novembro de 2012

Andar à chuva


Lembro-me de ser miúda e depois de um dia de chuva pedir à minha mãe para calçar os botins porque queria ir chapinhar nas poças de água lá da praceta.
Lembro-me de ela me deixar uma vez ou outra.
Lembro-me de estar sozinha naquele largo imenso (na altura parecia imenso) e andar de um lado para o outro e saltar e ficar toda salpicada.
Lembro-me de ver pessoas a passar e a olhar para mim... uns com um sorriso, como se quisessem estar a fazer o mesmo, outros com ar de quem considerava a mãe daquela criança louca por deixá-la fazer aquilo.

Hoje, estava a chover.
As minhas feijocas andavam doidas por calçar os botins e usar o chapéu de chuva.
Decidi sair com elas, aqui mesmo na rua, para podermos estrear os ditos botins e caminhar com o chapéu de chuva aberto.
Deliraram, claro!

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Sensibilidade para as coisas belas da natureza



Depois de ontem termos ficado as três embevecidas a ouvir o chilrear de um passarinho, hoje a minha S. olhou para o céu e exclamou:
- Mãeeeee, olha o céu tão bonito... rosa!

Fiquei babada pela sensibilidade que ela demonstrou!

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Hoje faria 90 anos - José Saramago, o Grande!

As palavras são boas. As palavras são más. As palavras ofendem. As palavras pedem desculpa. As palavras queimam. As palavras acariciam. As palavras são dadas, trocadas, oferecidas, vendidas e inventadas. As palavras estão ausentes. Algumas palavras sugam-nos, não nos largam: são como carraças: vêm nos livros, nos jornais, nos slogans publicitários, nas legendas dos filmes, nas cartas e nos cartazes. As palavras aconselham, sugerem, insinuam, ordenam, impõem, segregam, eliminam. São melífluas ou azedas. O mundo gira sobre palavras lubrificadas com óleo de paciência. Os cérebros estão cheios de palavras que vivem em boa paz com as suas contrárias e inimigas. Por isso as pessoas fazem o contrário do que pensam, julgando pensar o que fazem. Há muitas palavras.
E há os discursos, que são palavras encostadas umas às outras, em equilíbrio instável graças a uma precária sintaxe, até ao prego final do Disse ou Tenho dito. Com discursos se comemora, se inaugura, se abrem e fecham sessões, se lançam cortinas de fumo ou dispõem bambinelas de veludo. São brindes, orações, palestras e conferências. Pelos discursos se transmitem louvores, agradecimentos, programas e fantasias. E depois as palavras dos discursos aparecem deitadas em papéis, são pintadas de tinta de impressão - e por essa via entram na imortalidade do Verbo. Ao lado de Sócrates, o presidente da junta afixa o discurso que abriu a torneira do marco fontanário. E as palavras escorrem tão fluidas como o «precioso líquido». Escorrem interminavelmente, alagam o chão, sobem aos joelhos, chegam à cintura, aos ombros, ao pescoço. É o dilúvio universal, um coro desafinado que jorra de milhões de bocas. A terra segue o seu caminho envolta num clamor de loucos, aos gritos, aos uivos, envolta também num murmúrio manso, represo e conciliador. Há de tudo no orfeão: tenores e tenorinos, baixos cantantes, sopranos de dó de peito fácil, barítonos enchumaçados, contraltos de voz-surpresa. Nos intervalos, ouve-se o ponto. E tudo isto atordoa as estrelas e perturba as comunicações, como as tempestades solares.
Porque as palavras deixaram de comunicar. Cada palavra é dita para que não se oiça outra palavra. A palavra, mesmo quando não afirma, afirma-se. A palavra não responde nem pergunta: amassa. A palavra é erva fresca e verde que cobre os dentes do pântano. A palavra é poeira nos olhos e olhos furados. A palavra não mostra. A palavra disfarça.
Daí que seja urgente mondar as palavras para que a sementeira se mude em seara. Daí que as palavras sejam instrumento de morte – ou de salvação. Daí que a palavra só valha o que valer o silêncio do acto.
Há também o silêncio. O silêncio, por definição, é o que não se ouve. O silêncio escuta, examina, observa, pesa e analisa. O silêncio é fecundo. O silêncio é a terra negra e fértil, o húmus do ser, a melodia calada sob a luz solar. Caem sobre ele as palavras. Todas as palavras. As palavras boas e as más. O trigo e o joio. Mas só o trigo dá pão.

José Saramago, Crónica publicada no livro Deste Mundo e do Outro

Homenagem ao Mestre

Hoje, o meu Mestre recebeu uma homenagem. Fui vê-lo porque o admiro, porque ele foi/é o meu Mestre.


Às vezes parece que continuo a ser um "cachorrinho" sedento da sua festa.


Sinto-me sempre invisível.


Falta-me/Faltou-me, sempre, "um golpe de asa"*.







* Mário de Sá Carneiro, "Quase"

domingo, 11 de novembro de 2012

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Está aberta a época das doenças

A doença instalou-se por aqui, já estávamos com saudades disto, não é? Já durava há muito tempo o estado saudável por estas bandas, certo? Portanto, cá estamos.

Primeiro começou com uma amigdalite na S. que evoluiu para uma estomatite aftosa na I (diagnosticada ontem) e até eu estou, com toda a certeza, com amigdalite.

Problemas - a I. recusa-se a comer seja o que for, demoramos horas para que ela beba o líquido mais simples e tome os medicamentos, o que a pode levar a ficar desidratada e portanto ter que ser internada no hospital.

Têm sido dias de luta, sofrimento, dor e lágrimas.

Ontem a I. dizia-me "Já não sou tua amiga!", tudo porque depois de uma hora a tentar que ela tomasse o medicamento tive que a agarrar e forçá-la a fazê-lo (a própria pediatra me aconselhou a agir desta maneira).

Ai!


Sim, a febre continua a ter aquele efeito avassalador em mim, logo, ando aqui com dores, calafrios, mal me consigo ter de pé, mas para a frente é que é caminho e as mulheres vão sempre buscar forças onde elas não existem. Claro, quando estamos sozinhas desabamos, mas também é nesses momentos que ouvimos palavras amigas que nos confortam o coração. Obrigada S.R.A. e C.C. pelas palavras de ontem.

sábado, 3 de novembro de 2012

Já me tinha esquecido

Há quanto tempo é que elas não tinham febre nem nada do género? Já me tinha esquecido de como era.
A febre voltou a bater à porta cá de casa. A minha S. desde 6ªfeira que tem febre. Ontem foi uma febre contínua, mas hoje teve de manhã e agora à noite.
Não sei porquê, mas cheira-me a amigdalite.
Amanhã, lá terei que ir ao hospital!