domingo, 25 de novembro de 2012

Mais uma vez, falhei...

Era um exemplo de coragem, de querer, de vida, de confiança, de sonho, de força, de convição. Sempre foi em frente, cometeu loucuras por amor e por acreditar na ilusão de ser amada.
Fez felizes muitos dos que estavam à sua volta e ultrapassou o sofrimento que a muitos deitaria por terra. Talvez por isso tivesse tido sempre essa força e vontade de viver de que estes últimos tempos não foram exemplo.
Sensivelmente de há um ano para cá, o chão foi-lhe retirado e viu-se imóvel. De há um ano para cá que tinha vindo a morrer aos poucos. Hoje foi a sentença final.
Há meses que não a via. Quanto mais tempo passava, menos vontade tinha de o fazer, porque cada vez passava mais tempo e eu sentia-me cada vez pior nessa ausência, porque sabia que este dia estava próximo e queria reter a sua melhor imagem, porque ir significaria a total consciência da despedida...
Falhei.
A última vez que a vi, foi no hospital completamente inconsciente, disse-lhe que acreditava, que ela ia sair dali, que era um exemplo de tenacidade para todos nós, mas saí de lá querendo esquecer o que vira. Aquela não era ela, o olhar vago, distante, sem palavras, gemidos de dor.
Falhei.
Hoje foi a sentença final.
Agora terei que ter tempo para lá ir, mas recusar-me-ei a olhá-la. Para mim, não é esta, nunca será esta, será sempre aquela senhora distinta, bem vestida, altiva, alegre, com força e vontade de sugar todo o tutano da vida.
Nunca me esquecerei de si e de todas as loucuras que cometemos juntas.

Até um dia, madrinha!

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