terça-feira, 21 de junho de 2011

Um dia

Tudo é estranho e desconhecido.
Sonha-se, deseja-se, quer-se, mas no minuto o sentimento que se instala é um misto de asco e ardor. Por vezes, o último só acontece pelo hábito de o sentir, e o primeiro é que urge, é o real. E depois a confusão instala-se mais uma vez e não sei já o que sinto ou penso, não sei se é a cabeça a comandar o coração, se este se deixa enganar, ou se ele continua a ditar as regras.
Há algo que chama, que continua a chamar como outrora, mas quando estou parece que a outra força me impele e me arrasta daqui para fora, e sinto asco, e nojo, e arrepios só de pensar no toque-passado-e-possível-futuro(-que-não-existirá) que julgas fácil.

Vinte anos. Deixei de ser quem era.

Tenho que riscar-te da minha vida.

Vou riscar-te da minha vida.

O passado deve ficar lá. O passado-futuro não pode existir.
"Não voltes ao lugar onde foste feliz!" (ouvi um dia esta frase... será que cheguei a ser feliz? ou sonhei a felicidade que queria ter tido? ou o passado é sempre recordado como perfeito porque só guardamos lembrança do que queremos e porque gostamos de embelezar o que foi, afinal foi o que nos construiu.)

O passado não o posso nem quero negar.
O futuro será uma nova página, com letras que ainda não se conhecem, que nunca foram utilizadas. Há palavras que ficam à porta porque ela não as deixa entrar.

Joana Cato

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