quarta-feira, 23 de março de 2011

A primeira noitada no hostipal


Passados quase 19 meses de existência, tivemos a nossa primeira noitada no hospital.
A minha S. bateu com a cabeça numa esquina de uma janela no infantário e quando vinha para casa vomitou no carro, resultado, telefonei para a Saúde 24 e eles aconselharam-me a ir ao hospital, pois havia a suspeita de traumatismo craniano. Lá fui, depois de alguma logística para que o pai viesse para casa mais cedo a fim de ficar com a I.
Cheguei ao hospital às 19h (18h53, para ser mais precisa).
Perguntas da praxe e constatação que nesta idade não é possível fazer um exame neurológico, que o RX só mostra fracturas (pelo que não nos indicaria uma possível lesão interna), que o TAC (único exame que mostraria se existem ou não lesões internas) tem uma radiação mil vezes superior ao RX, pelo que não é aconselhável em crianças desta idade. Resultado, sem exames adicionais restava-nos esperar e observar alguma reacção fora do comum.
Tomou o soro às colheres de cinco em cinco minutos e depois de nada ter acontecido e de eu ter pedido algo para a miúda comer (já eram 21h e a cachopa sem nada no estômago), ela torna a vomitar (sem ter comido nada ainda). Mediu-se a febre. Estava a subir. Conclusão - se calhar há uma grande coincidência entre o primeiro vómito e a queda e provavelmente estamos perante uma gastroentrite, já que a febre não é um sintoma de traumatismo craniano.
Ficar mais duas horas para repetir o procedimento.
Às 23h a rapariga adormeceu, não nos deixando repetir a dose de soro. "Agora só quando ela acordar!" e isso significaria lá para as 7h da manhã.
Telefonar ao pai, relatar os acontecimentos e pensar na solução para o dia seguinte, tendo em conta que ele deveria ir trabalhar às 5h e não tinha cadeira para transportar a I. Telefonemas para o amigo-vizinho, que nos safa sempre, com o objectivo de perceber se ele poderia ir ao hospital buscar a cadeira da I. A solução foi melhor ainda, ele tinha a cadeira antiga da filha e portanto não teve que se deslocar ao hospital.
Novamente na cabeceira da S. Apareceu uma enfermeira-ainda-estudante (fez questão de dizê-lo) que de tão solícita tornava-se completamente chata e exageradamente inconveniente, aliás por causa dela é que a S. acabou por acordar por volta da 1h/2h. Tentámos repetir o procedimento, mas as coisas não foram simples e às 3h ela já dormia novamente.
Eu sentada na cadeira-sofá à cabeceira da cama atenta aos movimentos, respiração, etc.
Acordou finalmente às 7h, altura em que pudemos repetir o soro. Não se passou nada. Não vomitou. As auxiliares-senhoras-da-bata-azul foram completamente desagradáveis e incompreensíveis. Fiquei enervadíssima e, embora não tenha respondido mal, elas perceberam que de mim só receberam maus fluídos.
Tivemos alta às 9h e trouxemos dois papéis informativos: um sobre o traumatismo craniano e o outro sobre a gastroentrite. Durante 48h fazer vigilância para os dois diagnósticos.
Não me deram um pijama para a miúda (esteve o tempo todo só de fralda) e tive que lhe vestir a roupa vomitada do dia anterior (graças a Deus era apenas soro), culpa minha que nunca ando com uma muda de roupa no saco.
Viemos a casa. Tomei banho e tive que ir ao Burgo por causa de uma reunião inadiável. Ela foi comigo e ficou aos cuidados de uma colega.
Voltei para casa. Ela a dormir no carro. Continuou a dormir em casa. Acordou por volta das 14h. Consegui que comesse 5 mini-tostinhas, três colheres de caldo de arroz e três de maçã reineta cozida. Bebeu mais soro. O que ela tem é sede e sono. Voltou a dormir.
Está a dormir. E eu sem saber se este sono é pelo dia de ontem, se é um dos sintomas do traumatismo. Neste momento tudo se baralha um pouco.
Estou aqui de vigília. Daqui a um tempinho tenho que ir buscar a I.


Desta vez, a aventura não tem piada nenhuma.
E isto é tudo horrível. E eu odeio a palavra "talvez". E eu queria certezas. E eu estou cansada. E esta é a semana da "acumulação de trabalho" e a próxima também é. E eu sem conseguir trabalhar. E eu a sentir-me a pior mãe do mundo por estar a pensar no meu trabalho, quando se estão a passar coisas muito mais importantes do outro lado da vida. E o tabaco aumentou. E eu comprei. E chamei-me estúpida. E tenho que deixar de fumar. E apetece-me dizer asneiras. E ela tossiu. E ela continua a dormir. E eu no dilema.

1 comentário:

KIKA disse...

Pois linda é complicado nessa idade ela ter um traunatismo craniano,e depois fcamos horas e horas no hospital,eu falo por experiência própria ja os meus é a mesma coisa.e as melhoras das meninas,espero que estajm bem.
Beijos