sábado, 16 de março de 2013

Exames de 4ºano nos agrupamentos!!!

Não posso ficar calada a propósito desta notícia.
Os senhores dos gabinetes do Ministério da Educação não percebem mesmo nada disto! Estar sentado à frente de um computador, livros, artigos, etc, em nada se compara a estar em frente de crianças e jovens. Há uma coisa que se chama sensibilidade, bom senso e perceção da realidade.

O fator Exames é angustiante para os alunos. Saber que todo um processo de dois, três ou quatro anos irá ser avaliado em cento e vinte minutos é já suficientemente injusto. Se acrescermos a isso o facto dos alunos terem que se deslocar para outro estabelecimento de ensino, então todo o processo psicológico dos alunos vai sofrer e influenciar (ainda mais) negativamente os resultados obtidos.

Não tenho experiência com alunos do 4ºano, no entanto, sei o stress e nervosismo por que passam os alunos de 9º e 12º anos sempre que vão a Exame. Eles até podem saber as matérias, dominar os conteúdos, mas assim que chega o dia, estão tão nervosos que nem conseguem ler corretamente os enunciados e textos e cometem erros inexplicáveis. Pormenor - tudo isto acontece num espaço que lhes é familiar. A sua escola. Aquela que frequentaram durante X anos ou até uma vida. Os vigilantes são professores que, pelo menos, conhecem de vista e que, portanto, lhes dão algum conforto apenas pela sua presença.

Que cabeças são estas que querem exigir que crianças de 9 anos tenham que suportar todo o ambiente que se cria à volta de um Exame Nacional, com a agravante de terem que o realizar numa escola que não é a delas e com dois professores completamente desconhecidos?

Que mentes depravadas são estas que consideram um risco que os meninos sejam ajudados pelos professores vigilantes?

Esta falta de sensibilidade para com o aluno (o aluno que também é pessoa, lembram-se, o aluno é uma pessoa, com sentimentos, medos, angústias, alegrias, tristezas, é pessoa, é suscetível, é sensível, entra em stress e nervosismo rapidamente) e a falta de confiança nos professores deixa-me doida.

Esses senhores dos gabinetes não sabem o que é estar no terreno, não sabem como lidar com pessoas e acham que os Exames são a maravilha das maravilhas e que é com eles que melhoramos o ensino.

Enganam-se. Por causa dos Exames os conteúdos e competências não são melhor desenvolvidos, porque não há tempo, porque há que adestrar os alunos para uma tipologia fixa e tudo aquilo que eles poderiam ganhar na escola nunca chegam a vislumbrar sequer, porque o que interessa são os números. Mais uma vez falha a pessoa, falha a criatividade, falha a vida no ensino. Os alunos não gostam de matemática, nem de história, nem de português, porque os professores não podem viver, respirar os textos, saborear o poder das palavras, fazê-los voar e ser mais pessoa. Os professores têm que ser máquinas e os alunos têm que ser máquinas de debitar.

A pessoa fica sempre à margem. É triste.

1 comentário:

lapsus disse...

Linda, é um facto: aquela gente que vive sentada naquelas cadeiras, lá nos tais gabinetes, não tem, simplesmente, coração! Transformaram-se em máquinas deglutinadoras. São eles que fazem a parte do filme do "The Wall" em que os miúdos caem para dentro de uma máquina que os trasnforma em carne picada! Eles são essa máquina. São a falta de sensibilidade e o peito que se transforma numa caixa vazia e negra de ressonância! E nós continuamos sem conseguir fazer nada para alterar isto! Até quando?

Um bjnho.

lapsus