segunda-feira, 15 de junho de 2009

Como gente grande – reportagem TVI

Infelizmente, a reportagem que passou hoje na TVI mostra a realidade dos nossos adolescentes.
Hoje a pressa de crescer, de fazer aquilo que os adultos fazem é de tal maneira atroz que os jovens deixaram de viver o que é próprio de cada faixa etária.
Chamem-me o que quiserem, mas não acho normal que miúdos com doze e treze anos saiam à noite, bebam bebidas alcoólicas e tenham experiências sexuais com a “curte da noite”. Aliás não acho normal que isso aconteça nem aos doze nem aos quinze.
A “impaciência, rebeldia e fúria de viver” mencionadas na reportagem só fazem com que a vida dos adolescentes de hoje seja vivida precocemente e por isso deixe de fazer sentido muito mais cedo, deixe de haver a novidade e a surpresa próprias de cada acontecimento novo.
Choca-me ouvir uma miúda de quinze anos dizer que bastam “cinco dias, uma semana para dar o passo seguinte” numa relação (entenda-se o que se quer dizer com “passo seguinte”).
Choca-me ouvir um rapaz de dezassete anos dizer que já não tem vontade de ir para a noite, porque já conhece tudo.
Como é que é possível? Está a perder-se tudo.
Eu só comecei a sair à noite (ir a bares e discotecas) com os meus dezoito anos e, mesmo assim, foi preciso fazer um contrato com os meus pais em que eu me comprometia a fazer uma série de coisas para poder sair seis vezes por ano à noite e chegar no primeiro comboio da manhã! Por isso mesmo, “sair à noite” adquiriu uma grande importância na minha vida e durante muitos anos gostei da noite e fui descobrindo mais sítios e hábitos, sabendo sempre pesar o que devia ou não fazer.
Na minha educação, a disciplina, a autoridade e o “não” sempre estiveram presentes e foram eles que me formaram e me fizeram saber distinguir o bem do mal. Os meus pais sempre foram pais com tudo o que isso representa.
Hoje, como referia o psicólogo Quintino Aires, a figura do adulto tende a desaparecer, porque tudo o que “cheira a imposição, cheira a ditadura” e todos os pais fogem disso. Segundo ele, os pais têm medo de dizer que não e gabam-se de serem o melhor amigo e a melhor amiga dos seus filhos, quando na realidade esse é um erro crasso. Os pais têm que ser pais, têm que representar a autoridade, a disciplina, o respeito. Os filhos têm que obedecer aos pais, respeitar as pessoas mais velhas e saber lidar com o “não” e com a frustração.
Hoje, com medo de perder os filhos, nunca se chega a tê-los efectivamente, porque os papéis deixam de servir às partes implicadas cedo demais.
Hoje, a crença no “sim” e na condescendência faz com que os jovens sejam cada vez mais imaturos (apesar do seu aspecto exterior nos mostrar o contrário) e acreditem no facilitismo de tudo, afinal tudo lhes é permitido.
Hoje, acredita-se em pedagogias que estupidificam as crianças porque elas não podem ser confrontadas com o erro e a frustração, nem podem levar uma palmada no momento certo, pois podem ficar com traumas.

Torno a dizer, chamem-me o que quiserem, mas hoje perdeu-se toda a noção de crescimento e educação.
O “não” é uma das palavras mais importantes na educação.
Lidar com o insucesso e a frustração faz bem aos adolescentes, fá-los crescer e saber superar os obstáculos que a vida lhes reserva.
Experimentar tudo cedo demais retira o sabor da vida, retira a surpresa, a descoberta…
Saltar a adolescência para fazer uma vida adulta cria adultos sem responsabilidade e noção dos limites.

Sim, eu sei que vou ser mãe.
Sim, sei que educar não é fácil.
Sim, a teoria é sempre muito fácil.
Espero não me esquecer de nada do que aqui escrevi.
Espero que quando me desviar dos meus ideais me lembre/me lembrem de consultar as minhas próprias palavras.

8 comentários:

lapsus disse...

Querida amiga, se há coisas que tenho certeza na vida, e tivesse eu estas certezas na minha vida, é que tu e a pessoa que tens a teu lado não se vão esquecer disso. Porque a base está lá. Mais chocado fiquei hoje com a reacção do pai que perdeu aqueles três filhos no incêndio. É revoltante a frieza com que falou da relação com a ex-mulher. Revoltante. Mas é neste mundo que vivemos e eu já penso nisto tudo com o meu sobrinho que ainda (?) só tem seis anos. Estamos cá para nos apoiarmos uns aos outros. Fantástico este teu texto. MESMO!
Bj

A Minha Essência disse...

Estou com pena de não ter visto essa reportagem...
De facto é um tema muito complexo...
Olha, só me sai o estarmos preparados para o que o presente/futuro nos reserva com os nossos filhos, porque de facto é assustador estarmos a caminhar, os nossos filhos estarem a ir para uma sociedade e hábitos que deixam a desejar...

A todos os pais: todos os sentidos em alerta!

Bjokas

Carla disse...

Eu esqueci-me de a ver, mas ja calculo como seja baseando apenas no que eu vejo. A primeira vez que fui à discoteca tinha 17 anos, e sinceramente não penso que aquilo seja grande espingarda. Mas fico parva quando oiço crianças (sim, pq aos 12 anos sao crianças) dizerem que o sonho de vida delas é ter um namorado para fazerem coisas crescidas... Tenho a certeza que à porta de uma discoteca, entre eu de 20 anos vestida de top, tenis e calças, e uma miudita de 12 anos com mini-saia, saltos altos e um decote ate ao umbigo, entra mais depressa a rapariga de 12 anos.
Há coisas que a ASAE leva ao extremo, mas gostava que fossem mais vezes aos bares e etc pedir BI's para ver quem tem menos de 16 anos.

Penso que outro problema é quererem ser crescidos para umas coisas, mas para outras não. Sair à noite, e ter experiencias alcoolicas e sexuais ja "podem", agora ajudar na lida da casa e fazer os tpc já não acham bem..

Observo em tristeza a populaçao jovem à minha volta...

Anónimo disse...

Gosto bastante do que a rapariga escreve tudo o que ela escreve é realidade, eu tenho 17 anos so ainda saí com os meus 17 e foram duas vezes, quando tinha 12, 13 anos nem pensava nisso ate dizia que nunca ia sair mas depois as opinioes muda, à medida que vamos cresecendo vamos aprender a gostar de novas coisas, coisas das quais nao imaginavamos gostar, eu gostei de ter saido à noite, mas gostei pelo o simples facto que me faz divertir e esquecer o dia-a-dia. Mas nao gosto daquele pensar que é sair dançar,beber até cair e curtir com este(a), hoje em dia à muitas pessoas que só querem curtir, e beber.. Faz-me uma certa confusao ver miudas que tem idade de andarem a brincar e ja saiem à noite ... essa pessoas nao sabem aproveitar altura daquela idade ... há medida que vamos crescendo vamos tendo mais responsabilidade mas à miudos de hoje em dia que nao tao preparados porque nao tao habituados a responsabilidade .. hoje em dia é assim ...
Gostei muito da reportagem e do texto..
Espero que tenha servido pra muitos pais esta reportagem ..

Luis disse...

Eu comecei a sair cedo e estou mesmo arrependido. Agora que tenho 16 já conheço quase tudo e já nada me dá espanto.
Sinceramente, pelo que vejo, esta reportagem está certa. Ainda no outro dia vi uma criança com cerca 12 anos a fumar ( coisa que nunca exprimentei nem tenho intenção de exprimentar ).

Anónimo disse...

eu gostava de saber se alguem tem essa tal reportagem, ou o link. obgd (:

Incógnita disse...

Caro anónimo, infelizmente não possuo essa informação, mas talvez esteja no youtube, ou no próprio site da TVI (no seu histórico).

Obrigada pela visita.

Rui disse...

Eu sinceramente acho que fazer o que aqueles adolescentes fizeram não tem mal nenhum, sim estão a sair mais cedo e sim muitos mal sabem no que se estão a meter mas a vida pertence-lhes, a unica coisa que podemos fazer depois é olhar enquanto eles crescem, deixem eles aprender as suas custas