quarta-feira, 15 de julho de 2009

Reportagem RTP - Conquista do peso ideal e da imagem perfeita

Cada vez mais a aparência/imagem que o nosso corpo transmite para os outros é preponderante na avaliação que fazem de nós.
Na reportagem da RTP desta noite foi referido que um psicólogo americano fez um estudo e chegou à conclusão que numa primeira abordagem um indivíduo é avaliado 55% pela sua aparência, postura e indumentária, 38% pelo tom de voz e 7% pelo que diz. Se por um lado estas percentagens são surpreendentes (7% pelo que se diz?! Por favor, então as nossas ideias, convicções representam a mais ínfima parte da apreciação do nosso Ser?! 7% só?!), por outro não trazem novidade absolutamente nenhuma (a aparência consegue sempre levar a melhor, para o bem e para o mal)! E é segundo este culto pelo e do corpo que a nossa sociedade vive.
Hoje, na ânsia de corresponder ao esperado, faz-se tudo: "dietas-milagre"; lipoaspiração; etc, etc, etc. A questão é que nenhum método é eficiente a longo prazo se não houver uma (re)aprendizagem alimentar, mas também há necessidade de um acompanhamento psicológico (quem poderia falar muito bem disto seria a minha amiga o que se come).
Não, não estou a exagerar!
Costumo dizer que um «gordo» terá sempre uma mente de «gordo», sendo-lhe impossível resistir a determinado tipo de coisas e o dilema é que quanto mais se quer parar, mais vontade de cometer excessos existe(falo por experiência própria). Normalmente, estes excessos são perfeitamente conhecidos e reconhecidos e até funcionam como uma vingança de si próprio, ao mesmo tempo que se come um chocolate ou um pacote de batatas fritas, interiormente ouvem-se as vozes «Não consigo emagrecer de maneira nenhuma!», «Amanhã começo a dieta!», «Que estúpida, mas por que é que estou a comer isto?». O descontentamento e a falta de auto-estima leva ao consumo descontrolado e excessivo de tudo o que houver por perto. O eterno problema é que numa dieta tradicional os resultados são lentos e um «gordo» precisa de uma motivação-extra para continuar um trajecto que lhe é penoso, mas que ele sabe que tem de continuar para não ser um excluído da sociedade, por isso recorre a dietas radicais na esperança de conseguir atingir os seus objectivos e ser aceite.
Não, não estou a exagerar!
Com que facilidade é que encontramos calças ou saias de números superiores a 40/42? Estes números existem em abundância numa Zara, Mango, Berska, etc, etc, etc, se é que existem? Quem não tem a silhueta perfeita é, sem dúvida nenhuma, marginalizado.
Voltando ao início (e apesar de considerar que temos que ter em atenção o que comemos, porque há processos que não permitem uma marcha atrás), é muito triste perceber que tudo o que somos se resume àquilo que se vê no nosso exterior, que numa sociedade como a nossa, a exigência de uma silhueta perfeita é ponto assente e que por muito íntegros, cultos, informados, etc, etc, etc que sejamos, essa é a parte que menos peso terá na avaliação que fazem de nós.

Vivemos no mundo da aparência e não da essência, da materialidade e não da espiritualidade. Estamos condenados ao mundo das sombras, nunca conseguiremos alcançar o mundo inteligível.

2 comentários:

A Minha Essência disse...

É a realidade, pura e dura...
Concordo contigo quando dizes que as pessoas quando são gordas e querem fazer dieta e não conseguem, ou porque arranjam desculpas para isto e aquilo ou porque simplesmente desistem, a explicação é simples: Porque quando estão pré-dispostos a dita dieta, deveriam incluir o acompanhamento psicológico, sem dúvida! Por todos os factores.... Devem assumir que efectivamente precisam de ajuda. Não só fisicamente como psicológicamente.

Bjokas

P.S.- Miga, que testamente! È da convivência...

Incógnita disse...

É verdade é um grande testamento e não estou nada feliz com este texto! Foi um parto muito moroso e complicado... talvez por ser um assunto tão pessoal!